Português (Brasil)

Bitcoins entram em crise no ano em que haviam prognosticado "a era de ouro das criptomoedas"

Bitcoins entram em crise no ano em que haviam prognosticado "a era de ouro das criptomoedas"

As criptomoedas, expressão maior do fetichismo do dinheiro, em sua versão mais mística e descarada, despencaram em todo mundo. A estrela monetária e virtual do capital fictício entrou em decadência precoce?

Compartilhe este conteúdo:

Humberto Rodrigues - Emancipação do Trabalho (LCFI - Brasil)

"Bitcoin: Há Uma Crise de Confiança no Mercado de Criptomoedas? Mundo cripto vive momento turbulento, sofrendo com desvalorização e preocupação do mercado com contratos futuros, especialmente de bitcoin e ether" (Forbes, 26/02/2025)."

"Bitcoin cai 25% desde a máxima e perde os US$ 80 mil com piora na crise das criptomoedas...Uma queda acentuada no bitcoin (BTC) se aprofundou nesta sexta-feira, à medida que investidores correram para ativos seguros após as mais recentes ameaças tarifárias do presidente dos EUA, Donald Trump, marcando uma dura realidade para uma das apostas mais populares relacionadas a Trump" (InvestNews, 28/02/2025).

"Bitcoin recua abaixo de US$ 90 mil pela primeira vez desde novembro. O movimento foi reforçado ainda por dados mostrando piora da confiança dos norte-americanos e aversão ao risco em Wall Street" (CNN, 25/02/2025)

Sites especializados e jornais de finanças anunciam a desvalorização histórica do preço das criptomoedas ao final de fevereiro. Poucos dias depois do estouro da bolha especulativa das big techs, provocado pelo DeepSeek, quando a China atingiu o bolso dos bilionários trumpistas, logo na largada, recorrendo ao Capital de Marx (ver mais sobre isso aqui).

 

Para Marx, o valor (ou valor-trabalho) de troca de uma mercadoria é uma relação social entre pessoas, medido pelo tempo de trabalho necessário para a sua produção. O preço é a expressão monetária do valor de troca de uma mercadoria que oscila em torno desse valor segunda as leis de oferta e procura.

A moeda é uma mercadoria cujo valor de troca expressa o valor de troca de todas as mercadorias, é o equivalente geral do valor de todas as outras mercadorias. Esse valor da mercadoria é então uma "abstração real" e a mercadoria é a gênese da forma dinheiro, equivalente geral utilizado para transacionar as mercadorias.

As criptomoedas, surgidas na atual etapa decadente do sistema imperialista, e das quais vamos nos ocupar nesse artigo, são elas próprias mercadorias, são uma das formas fictícias do capital portador de juros.

 

O padrão-ouro nasce na aurora da fase imperiaslista do capitalismo 

Em dado momento do desenvolvimento internacional do modo de produção capitalista, os capitalistas que criaram moedas nacionais ou regionais, criam uma moeda, melhor dizendo, um padrão monetário internacional. O padrão-ouro, nasce quando o mercado mundial se prepara para o ingresso do capitalismo em sua fase imperialista, mas entra em crise com a criação do sistema imperialista hegemonizado pelos EUA, que estabelece o padrão dólar.

O padrão-ouro foi o primeiro sistema monetário internacional e vigorou de 1870 até 1914 (Primeira Guerra Mundial) período em que o Reino Unido foi a potência burguesa hegemônica e, por sua importância no comércio internacional, bem como pelo desenvolvimento acelerado de suas instituições financeiras, impôs ao mundo o padrão-ouro, quando Londres era o centro financeiro do mundo. A Primeira Guerra levou ao fim do padrão libra-ouro e, posteriormente, não se chegou a um acordo até Bretton Woods, em 1944.

Assim, o período compreendido entre 1914 e 1944 caracteriza-se pela desordem monetária e pela inexistência de um país claramente hegemônico, enquanto potências médias buscavam uma posição de liderança. Ainda em plena guerra, os Estados Unidos e a Inglaterra iniciaram negociações para uma reestruturação econômica, que resultaram na Carta do Atlântico, em 1941, uma espécie de precursor de Bretton Woods. Após o fim da guerra, quando os Estados Unidos emergem como nova potência mundial, o Ocidente passa a ter uma nova ordem monetária e econômica internacional. Ao se tornarem a nação hegemônica, os Estados Unidos impõem ao mundo o dólar como moeda internacional e a supremacia do país, também no campo monetário e na condução das finanças mundiais.

Na metade do século XX, após as duas grandes guerras mundiais interimperialistas, a subjugação do bloco de nações imperialistas, derrotadas na segunda guerra, deu origem a um sistema imperialista comandado pelos EUA. Um dos marcos para a criação deste sistema foi o estabelecimento, pelos vencedores EUA e Grã-Bretanha, do dólar estadunidense como moeda para as transações no mercado mundial, movimentação conhecida como acordos de Bretton Woods. Todavia, a quantidade de dólares a serem impressos precisava ter como lastro um correspondente em reservas de ouro. Mas, a partir de 1971, os EUA tomam a iniciativa unilateral de ruptura dos postulados de Bretton Woods. A impressão de dólar pelo Federal Reserve System (FED), o Banco Central dos EUA, não mais seria lastreada em ouro.

O deslumbramento para com o dólar como moeda suprema do sistema monetário montado em Bretton Woods parece ter sido muito maior do que o que Marx veio a considerar em seu tempo como fetichismo do dinheiro:

"De onde vêm as ilusões do sistema monetário? Para ele, o ouro e a prata, ao servir como dinheiro, não expressam uma relação social de produção, mas atuam na forma de coisas naturais dotadas de estranhas propriedades sociais. E quanto à teoria economica moderna, que arrogantemente desdenha do sistema monetário, não se torna palpável seu fetichismo quando ela trata do capital?" (Marx, O Capital, 2017, página 157).

Tensionada pela acumulação de capitais a qualquer custo e por qualquer meio, à tendência é de que as ilusões monetaristas se tornem cada vez maiores, mais exterior à produção e circulação de mercadorias, sem qualquer lastro. Do padrão-ouro às criptomoedas, o fetichismo adquiriu o seu potencial mais extremo finalmente com as criptomoedas e várias outras formas fictícias de geração do capital especulativo, como os derivativos, por exemplo. 

Grafico 1: Depois da hipervalorização após a eleição de Trump, os bitcoins realizam seus lucros um mês após a posse do republiano.

 

A financeirização, etapa decadente do sistema imperialista, consuma o mercado especulativo de capitais, convertendo as próprias moedas, mesmo virtuais, em mercadorias

Sendo o imperialismo uma fase do capitalismo, a financeirização é uma etapa do imperialismo. Nos últimos 50 anos, mais do que qualquer outra época histórica, houve uma ampliação do controle do globo pelos capitais concentrados, após a disparada do preço do petróleo e a fortificação do dólar, com o choque dos juros promovido pelo FED, um fenômeno associado tanto às imposições econômicas dos credores planetários (Fundo Monetário Internacional - FMI - e Banco Mundial), quanto pelas novas intervenções militares e políticas a serviço dos interesses de um grupo de nações capitaneadas pelos EUA e concentradas nos demais estados do chamado G-7 (Grã-Bretanha, Canadá, França, Alemanha, Japão, Itália), e de Israel.

Através da financeirização, o capital especulativo, que Marx cientificamente chamava de capital portador de juros, será acometido pelo "fetichismo do capital" (ainda mais místico que o fetichismo da mercadoria e do que o do dinheiro), explicado no capítulo 24 do Livro III d' O Capital.

No fetichismo do capital, a relação capitalista assume sua forma mais exterior à produção. Acredita-se que dinheiro, tão simplesmente, gera mais dinheiro, que o valor valoriza-se a si mesmo, que o capital especulativo prescinde da mediação dos processos de produção e de circulação (Marx, 2017b. p. 442). Daí a crença corrente entre as classes dominantes de que elas não precisam do desenvolvimento da produção industrial (embora o futuro de seus lucros cada vez mais dependa das mercadorias produzidas na China), não precisam empregar trabalhadores para explorá-los (a IA e a quarta geração tecnocientífica vão reduzir estas demandas) e nem precisam do consumo da população para vender mercadorias.

Com a financeirização, instaura-se um sistema de exploração planetário do “capital portador de juros, [em] que a relação capitalista assume a forma mais exterior e mais fetichista” (Marx, 2017, p. 441). A relação capitalista assume a ideia mística de que o capital teria adquirido a faculdade de se autorreproduzir, o que induz o imperialismo a uma armadilha contra si próprio.

O sistema imperialista fez um movimento de desindustrialização das metrópoles, pelo menos das metrópoles dos dois lados do Atlântico. Então, o elemento industrial da composição do capital financeiro muda de lugar no planeta, ele é desalojado em parte do ocidente e vai para o oriente.

Nesse meio século, a financeirização não foi uma opção do conjunto da economia imperialista, mas um desdobramento obrigatório da crise de acumulação de capitais em um dado momento da autonomização do capital portador de juros, dentro do processo global da produção capitalista. Esse descolamento catapulta a acumulação de capitais e fragiliza o sistema imperialista por torná-lo dependente da fração da economia mundial onde se realiza a produção de mercadoria: a China.

As criptomoedas são a máxima expressão do fetichismo do dinheiro, não mais sob as ilusões do padrão-ouro, como visto por Marx, mas já dentro da era onde predomina o fetichismo do capital e de decadência do dólar sem qualquer lastro a não ser o poderio militar questionado dos EUA. Se o valor já é uma abstração real, as criptomoedas são a abstração dentro da abstração. 

Como explica Paulo Nakatani, em artigo do livro "Introdução Crítica a Financeirização":

O capital portador de juros e suas formas ficticias.

O desenvolvimento do sistema de crédito ao longo dos séculos ocorreu de forma mais acelerada e diversificada principalmente a partir da segunda metade do século XX.Com ? avanço das tecnologias de comunicação e informaçáo, a informatizaçáo do sistema e a ampla difusão das redes, interligando poderosos sistemas de processamento de dados, possibilitaram a imensa acumulação de capital em sua forma portadora de juros e a Sua conversão em formas fictícias. Estas formas sáo og capital bancário, adívida pública, o valor acionário, OS derivativos e as moedas. EStas duas últimas formas não foram apresentadas n'O capital, mas as próprias condiçóes do desenvolvimento capitalista permitiram? surgimento de formas novas, como as criptomoedas, que náo trataremos neste texto. Para se ter uma ideia, os indicadores globais mostram queo volume médio diário de negócios no mercado mundial de moedas foi de US$6,59 trilhóes, em abril de 2019, segundo o balanço trienal realizado pelo Banco de Compensaçóes Internacionais (BIS, 2019, na sigla em inglês).

Esse mercado é conhecido no Brasil como Forex (sigla de Foreign Exchange). O BIS também estimou o montante total do estoque de ativos bancários, que era de US$99,72 trilhóes no final do primeiro trimestre de 2021, e o total da dívida em moedas nacionais e estrangeiras dos governos centrais, que era de US$58,33 tilhóes. O total de derivativos de balcão (OTC, na sigla em ingles), negociados fora das bolsas de valores, era de US$581,06 trilhóes, no final de 2020 (BIS, 2021). Quanto ao mercado acionário, o Banco Mundial (World Bank, 2021) indicava, para o ano de 2019, que 43.248 empresas tinham suas ações negociadas nas bolsas com um valor total estimado de US$83,26 trilhões, mas sem os dados de alguns paises desenvolvidos importantes, como o Reino Unido e a França. Para termos uma referência, o PIB mundial, estimado para 2019, era de US$87,61 trilhões, a preços correntes, ou seja, a preços vigentes naquela época." (Nakatani (org.), 2021, páginas, 110 e 11)

As criptomoedas nasceram após a crise financeira de 2008, como um instrumento de acumulação de capitais controlado pelas elites do capitalismo financeiro, em um momento em que nem mais os especuladores acreditavam em sus formas de especulação tradicionais. Elas nascem da perda da confiança nos mercados especulativos controlados pelos bancos, instituições financeiras, governos e moedas tradicionais.

"O crescimento exponencial das criptomoedas reflete a perda de confiança nas instituições financeiras tradicionais. Diante da crise do regime neoliberal, eles se promovem como uma alternativa ao mainstream econômico e propõem um sistema monetário sem bancos centrais ou governos, governado inteiramente por códigos e mercados autônomos. Por que Milei, Bukele e Trump se apaixonam?... Bitcoin, a primeira e mais influente criptomoeda, nasceu em 2008 como uma reação à crise financeira global. No manifesto fundador de seu criador anônimo, sob o pseudônimo de Satoshi Nakamoto, foi sugerida uma crítica ao sistema bancário, à emissão monetária arbitrária e aos resgates estatais. No entanto, a resposta que ele propôs não foi uma ruptura com a lógica de mercado, mas sim sua exacerbação: a eliminação de intermediários para construir um sistema financeiro ainda mais desregulamentado." (Mundo criptográfico: A Moeda Rebelde, Edemilson Paraná).

Os bitcoins inauguram um padrão alternativo de moeda internacional, uma nova etapa da conversão das moedas, elas mesmas, em mercadorias e são usadas principalmente fora de instituições bancárias e governamentais e são trocadas pela Internet. Não é por acaso que nasceram na primeira década da etapa da financeirização do sistema imperialista.

Fonte: Wikipedia 

A criptomoeda é uma moeda digital projetada para funcionar por meio de uma rede de computadores que não depende de nenhuma autoridade central, como um governo ou banco , para mantê-la. A primeira criptomoeda foi o bitcoin , que foi lançado pela primeira vez como software de código aberto em 2009. Em junho de 2023, havia mais de 25.000 outras criptomoedas no mercado, das quais mais de 40 tinham uma capitalização de mercado superior a US$ 1 bilhão. A criptomoeda passou por vários períodos de crescimento e retração, incluindo várias bolhas e quedas de mercado, como em 2011, 2013–2014/15, 2017–2018 e 2021–2023.

O design antifalsificação da criptomoeda é um novo tipo de token que é feito de moeda digital e moeda virtual usando criptografia. Os tokens no mercado de criptomoedas podem ser títulos não registrados, sem divulgações obrigatórias ou supervisão de mercado. Estes tokens, que estão indexados ao valor das moedas fiduciárias, podem permitir que os indivíduos contornem importantes objectivos de política pública relacionados com os sistemas bancários e financeiros tradicionais, como o combate ao branqueamento de capitais, o cumprimento fiscal e as sanções.

Em junho de 2021, El Salvador se tornou o primeiro país a aceitar o bitcoin como moeda com curso legal , depois que a Assembleia Legislativa votou 62-22 para aprovar um projeto de lei apresentado pelo presidente Nayib Bukele classificando a criptomoeda como tal.

Em setembro de 2021, o governo da China , o maior mercado de criptomoedas, declarou todas as transações de criptomoedas ilegais. Isso completou uma repressão à criptomoeda que havia proibido anteriormente a operação de intermediários e mineradores na China.

Em 9 de março de 2022, o governo Joe Biden assinou a 83ª Ordem Executiva 14067 dos EUA, Joe Biden, que também é identificada com o fantasioso nome de Garantindo o Desenvolvimento Responsável de Ativos DigitaisEm 16 de setembro de 2022, o governo Biden lançou o documento Comprehensive Framework for Responsible Development of Digital Assets para apoiar o desenvolvimento de criptomoedas e restringir seu uso ilegal. A ordem executiva incluía todos os ativos digitais, mas as criptomoedas representavam os maiores riscos de segurança e potenciais benefícios econômicos. Embora isso possa não resolver todos os desafios da indústria de criptomoedas, foi um marco significativo na história da regulamentação de criptomoedas dos EUA.

Em 23 de janeiro de 2025, o presidente Donald Trump assinou a Ordem Executiva 14178 , Fortalecendo a Liderança Americana em Tecnologia Financeira Digital. A nova ordem de Trump revogou a ordem 14067 de Biden e proibiu o estabelecimento, emissão ou promoção de moeda digital do banco central e estabelece um grupo encarregado de propor uma estrutura regulatória federal para ativos digitais em 180 dias. Na verdade, Trump apostava em regular o mercado de moedas digitais para lucrar com a exclusividade da sua. Mas, a jogada não foi suficiente para reverter a crise nessa mercadoria especulativa em meio as incertezas geradas pelas próprias medidas de Trump em seu primeiro mês de mandato e as incapacidades dessas medidas de garantir a hegemonia dos EUA no terreno geopolítico, mercantil ou tecnológico, como se demonstrou com o lançamento do DeepSeek (ver também Emancipação do Trabalho: "DeepSeek: o míssil que furou a bolha especulativa das big techs: A China atingiu o bolso dos bilionários trumpistas, logo na largada, recorrendo ao Capital de Marx").

Bitcoin atinge patamar recorde com investidores à espera de posse de Trump |O token de Trump agitou brevemente o mercado de ativos digitais na manhã de segunda-feira em Singapura (Foto: Justin Chin)(Bloomberg/Justin Chin).

 

2025: da "era de ouro das criptomoedas" para o ano da crise das criptomoedas

A bolha da moeda-mercadoria virtual cresceu nos últimos anos e criou uma grande expectativa com a vitória de Trump em 2024, como mostra o Gráfico 1. Mas, em 2025, o governo Trump já debutou com a maior perda já registrada por uma única empresa em toda história da Bolsa de NY. A empresa mais valorizada do planeta, a Nvidia (NVDA), perdeu U$ 600 bilhões de dólares de valor de mercado. Ato contínuo, a onda de choque financeiro provocou perdas em quase todas as Big Techs. Todos os bilionários que sentaram na segunda fila da posse de Trump. Em conjunto a perda chegou a 1 trilhão de dólares. Ato contínuo, novamente, sem que fevereiro tivesse terminado, vem a crise das criptomoedas. A Meca do capital financeiro, o centro do sistema imperialistas mundial, está ruindo de crises subsequentes e cumulativas?: 

2025 era apontado por especialistas como “a era de ouro das criptomoedas“. Mas não é o que se tem visto nos últimos dias, com uma aparente quebra de confiança entre o mercado cripto e os investidores que apostaram nele.

O mercado estava otimista quanto a esses ativos por uma série de fatores, mas dois merecem destaque. O primeiro está intrinsecamente ligado às eleições americanas. Durante a campanha, Donald Trump prometeu fazer dos Estados Unidos a capital mundial das moedas digitais e estabelecer uma reserva estratégica de bitcoin (BTC), o que fez o token disparar, passando dos US$100 mil (R$570 mil). Com a concretização da volta de Trump à Casa Branca e uma provável regulação favorável, as criptomoedas tiveram alta impulsionada, especialmente o bitcoin, que chegou ao valor de US$ 75 mil. O segundo, que também aconteceu no final de 2024, foi a disponibilização ao mercado de fundos negociados em bolsa (ETFs) do bitcoin e do ether.

Em 20 de janeiro, no dia da posse de Trump, a euforia quebrou novo recorde, o bitcoin passou dos US$ 100 mil (R$570 mil). Três dias depois, o presidente dos Estados Unidos cumpriu uma de suas promessas ao assinar uma ordem executiva para formar um grupo de trabalho responsável pela criação de um regulamento das moedas digitais no país. No entanto, o cenário que parecia perfeito, começou a se modificar dias antes da volta do republicano à Casa Branca, com o lançamento da meme coin OFFICAL TRUMP. A valorização foi rápida, disparando para mais de US$ 75 (R$ 432), com sua capitalização de mercado ultrapassando brevemente US$ 15 bilhões (R$ 86,5 bilhões). Só que para os executivos de criptomoedas, o token provavelmente prejudicaria a reputação da indústria. É que enquanto uma criptomoeda é um ativo digital baseado em blockchain com uma finalidade (pagamento, reserva de valor ou uso em rede DeFi), as moedas-meme criam ativos por meio de uma rede já estabelecida." ("Bitcoin: Há Uma Crise de Confiança no Mercado de Criptomoedas?" Forbes, 26/02/2025).

Os governos da extrema direita do capital financeirizado de Trump e Milei não fazem mais do que radicalizar as atrocidades que a direita tradicional vinha fazendo, inclusive no âmbito da especulação. Por isso, apostaram que iriam lucrar muito com a especulação com criptomoedas como um negócio para enriquecimento próprio. Mas o tiro saiu pela culatra e a quebra precoce do mercado de criptomoedas está vinculada a decadência do próprio imperialismo, seus governantes e vassalos.

Como os camaradas do Grupo Bolchevique da Coreia do Sul acertadamente escrevem em seu verbete "Sobre Bitcoin (criptomoeda)"

"O dinheiro não é apenas um meio de negociação de commodities, como Marx descobriu e provou até agora. É um dos "bens" com um certo valor de uso e troca em si mesmo. Ele também atua como um meio para negociação de commodities somente quando tem seu valor como ouro ou prata.

A moeda (nota ou moeda) emitida pelo banco central de cada país não é ouro/prata em si, mas é emitida para conveniência de distribuição sob a garantia de cada país de que o valor do montante nominal corresponde aos bens.

Claro, exceções são superpotências como os Estados Unidos, que sugam recursos em centenas e dezenas de países ao redor do globo. É uma moeda que é emitida e circula sem comparações constantes com bens como ouro e prata. O dólar americano é uma moeda que circula mesmo que não seja trocada por ouro, na expectativa de que os recursos não sequem e que a moeda não caia "excessivamente" em valor. É uma moeda que deve ser usada como meio de negociação, mesmo à custa de depreciação intencional. O dólar existe com base nisso. (Para ilustrar, o Iraque de Hussein, a Líbia de Kadafi, etc. tentaram escapar do dano unilateral causado pelo declínio intencional, mas falharam devido à invasão dos EUA. Venezuela, China e Rússia estão agora tentando se separar do dólar e estabelecer uma nova moeda internacional padrão-ouro.)

Plataforma de esportes de fantasia de criptomoedas EarnU entra no mercado indiano - BusinessToday

Mas e o Bitcoin?

Não tem valor de uso nem de troca. Ninguém garante seu valor. É apenas uma ilusão que existe e incha nas fantasias e expectativas temporárias das pessoas, assim como uma ação fraudulenta. Como todos sabem, uma ilusão não pode existir por muito tempo. Um balão que está inflado ao máximo está fadado a explodir mesmo sob pressão muito pequena. No entanto, a chave é quanto é o limite e quando aqueles que abrem o local de jogo vão sair e deixar o local.

Deve haver demônios rindo na escuridão ali."

Compartilhe este conteúdo:

 contato@emancipacaodotrabalho.org
Junte-se a nós!