Português (Brasil)

Forças Armadas Brasileiras, busca do inimigo interno, gendarmes na região e adaptação da doutrina de segurança nacional ao século XXI

Forças Armadas Brasileiras, busca do inimigo interno, gendarmes na região e adaptação da doutrina de segurança nacional ao século XXI

Sob a liderança dos Estados Unidos, em busca do inimigo interno, primeiro com a desculpa de combater o crime organizado, visando a fronteira com o Paraguai e, agora, preparando a Operação Atlas na fronteira com a Venezuela. As Forças Armadas Brasileiras aprofundam cada vez mais o seu papel como força auxiliar do Pentágono.

Compartilhe este conteúdo:

Artigo publicado originalmente pela TENDÊNCIA MILITANTE BOLCHEVIQUE (Argentina)


Observa-se uma movimentação cada vez mais profunda das Forças Armadas brasileiras em busca do “inimigo interno”, dessa vez sob o pretexto de combater o narcotráfico e o crime organizado. Nesse sentido, estamos perante uma renovação (mais do que uma restauração, uma vez que, em essência, para as cúpulas militares da maior parte do continente, ela nunca foi abolida) da doutrina de segurança nacional. Doutrina que, no calor dos golpes de estado promovidos pelo imperialismo estadunidense nas décadas de 60 e 70, sustentava essencialmente que, enquanto os Estados Unidos estavam encarregados da defesa continental, os exércitos latino-americanos deveriam ser encarregados de manter a “ordem” dentro das fronteiras.

Hoje, essa renovação da doutrina de segurança nacional não é  usada como desculpa para procurar o inimigo interno, procurando combater o “comunismo”, mas sim como desculpa para “combater” o crime organizado, incluindo o “combate” ao tráfico de drogas (que, na realidade, protege e promove o narcotráfico), ao que se soma a atuação de gendarmes das Forças Armadas Brasileiras em países sul-americanos que apresentem contradições com as linhas estratégicas de Washington. Nesse sentido, já houve um salto qualitativo com a chamada “Operação Atlas”, em meio à atual tensão diplomática entre Brasil e Venezuela.

“As Forças Armadas Brasileiras preparam-se para realizar o maior exercício militar do ano de 2025, denominado Operação Atlas, que acontecerá em novembro próximo à fronteira com a Venezuela. Segundo fontes oficiais, o objetivo dessa ação é treinar tropas brasileiras em caso de escalada de tensões com o regime de Caracas. O exercício, que durará duas semanas, inclui o envio de um grande contingente de veículos militares e cerca de 8.000  oficiais.” (DIARIO NEUQUINO: Tensión en la frontera de Venezuela y Brasil: Maduro cerró el cruce por ejercicios militares y Lula reforzó la seguridad en la zona).

No Programa de Defesa Nacional que é publicado a cada 5 anos, o último, em 2020, confirmou pela primeira vez que as Forças Armadas Brasileiras consideram a região como uma zona plausível de conflitos internos motivados pela presença de potências estrangeiras em referência à Rússia e à China na Venezuela, mas também à França na Guiana.

Trata-se do chamado Livro Branco da Defesa que detalha as diretrizes estratégicas das Forças Armadas, as suas preocupações e prioridades.

Vale ressaltar que, à exceção do Chile e do Equador, o Brasil faz fronteira com todos os países da América do Sul, o que é uma vantagem para o papel de gendarme das Forças Armadas Brasileiras diante do imperialismo estadunidense. A extensão de um controle militar cada vez maior de suas fronteiras, incluindo tarefas de “segurança interna”, constitui uma vantagem na candidatura ao seu papel como gendarmes continentais.

É tarefa das organizações dos trabalhadores do Brasil, bem como de todos os movimentos sociais, opor-se a este papel das Forças Armadas Brasileiras como gendarmes continentais. Isso deve começar com a oposição à Operação Atlas, que procura sitiar o regime bolivariano na Venezuela, exigindo que o governo do PT cesse imediatamente todo o movimento nessa direção, bem como o fim de toda a hostilidade para com a Venezuela.

Isso deve ser acompanhado de uma campanha de denúncia que aponte que os próprios povos explorados e oprimidos do Brasil serão as principais vítimas dessa restauração da doutrina de segurança nacional no século XXI, que, centrada na busca do "inimigo interno", terão as próprias massas brasileiras como suas principais vítimas.

 

 

 

 

 

Compartilhe este conteúdo:
  Veja Mais
Exibindo de 1 a 9 resultados (total: 155)

 contato@emancipacaodotrabalho.org
Junte-se a nós!