O capitalismo faz mal à saúde: na Argentina e no mundo
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Há alguns dias foi divulgada a notícia de que uma pessoa em situação de rua morreu devido a um quadro de tuberculose na área de Costanera Sur (Capital Federal). Por sua vez, um dos Centros de Inclusão Social que depende do Governo da Cidade, o parador Costanera, teve que fechar preventivamente por alguns dias após a detecção de um caso da referida doença. Esses fatos são o reflexo de uma doença que está aumentando e que tem uma estreita ligação com as condições de vida da população.
Na Argentina
A tuberculose é uma doença infecciosa, evitável e curável, causada por uma microbactéria conhecida como Bacilo de Koch. É transmitido pela inalação do bacilo que uma pessoa doente transmite pelo ar quando fala, cospe, tosse ou espirra. Para que o contágio ocorra, o contato entre pessoas deve ser frequente.
Nos primeiros três meses deste ano, foram confirmados 3.488 casos. A tendência de aumento da doença se mantém constante desde a pandemia de Covid, quando a média era de 2530.
Por sua vez, o Ministério da Saúde da Nação (1), divulgou 16.647 casos de tuberculose (mais de 90% novos diagnósticos ou recaídas) em 2024.
Na Grande Buenos Aires, nove municípios concentram 30,6% dos casos. Junto com Jujuy, Salta, Formosa e Chaco foram as jurisdições que mais casos notificaram ao levar em conta a quantidade de população (acima da média nacional de 33 casos por 100.000 habitantes). Ou seja, estamos diante de uma situação alarmante.
"Apesar da importância da avaliação do tratamento, na Argentina, um em cada quatro pacientes não tem informações sobre seu resultado terapêutico. Na província de Buenos Aires, essa proporção aumenta para um em cada três e na região de saúde [de nove municípios do conurbano] um em cada dois pacientes não tinha registrado seu resultado final do tratamento”, conclui o boletim divulgado no mês passado pelo Ministério da Saúde da Nação por ocasião do Dia Mundial da Tuberculose. Mas longe de fortalecer o sistema de saúde para enfrentar essa situação, o ministro da Saúde Mario "pré-pagos" Lugones promove um ajuste feroz, através do qual foram desmanteladas áreas estratégicas importantes como a direção de vacinas e a de ISTs, HIV, HEPATITE E TUBERCULOSE, entre outros.
Uma tendência mundial
A Organização Mundial da Saúde (OMS, 14/03/2025), por sua vez, alertou que a tuberculose provavelmente voltou a ser a principal causa de morte por patógenos infecciosos em todo o mundo, superando até mesmo a Covid-19 nos últimos anos. O órgão disse que, em 2023, 1,25 milhão de pessoas morreram de tuberculose em todo o mundo, incluindo 161.000 pessoas infectadas pelo HIV. Ou seja, estamos diante de uma tendência a nível mundial.
As condições de vida pioram
Profissionais relatam que as pessoas com HIV têm 16 vezes mais chances de contrair tuberculose e identificam que o maior risco hoje está em pessoas institucionalizadas, que vivem em bairros superlotados, que trabalham em oficinas clandestinas e, também, a desnutrição. A constância no tratamento é muito importante, já que é necessária a constância de seis meses de tratamento (La Nacion, 16/04/2025). Um problema crescente associado à descontinuidade do tratamento é a resistência a um ou mais dos medicamentos utilizados, o que piora os quadros. Mas acontece que apesar da tuberculose ser uma doença evitável e curável, em um país onde a pobreza oscila acima de 38% (dados oficiais do INDEC), a maior parte da população assalariada não chega a cobrir a cesta familiar (valorizada acima de 1.500.000) e há um aumento de pessoas que vivem na rua como resultado dos preços exorbitantes de aluguéis, quartos de hotel e pensões. É quase impossível manter uma vida saudável e manter a consistência na realização de controles e tratamento, aumentando as barreiras de acessibilidade. A isso devemos adicionar o desmantelamento que atravessa o sistema de saúde pública.
Há uma saída dos trabalhadores
A destruição do direito à saúde, parte estratégica do 'ajuste' do capital para enfrentar a maior crise potencial da história, é o principal responsável pelo aumento e disseminação de doenças. Do "Estado de bem-estar", a humanidade passou para o Estado de miséria social.
A saída é a estatização do sistema de saúde (assistência médica e monopólios farmacêuticos), no âmbito de um planejamento geral por parte de um governo de trabalhadores, deve ser acompanhada por um aumento substancial de salários e aposentadorias, de uma modificação radical dos sistemas de trabalho e uma redução da jornada de trabalho, acompanhada de uma política de habitação e infraestrutura urbana, em benefício de toda a população trabalhadora.
Fonte: https://politicaobrera.com/13993-tuberculosis-una-enfermedad-en-aumento