Nos últimos anos, Musk se tornou uma figura pública chave na política da classe dominante global. No entanto, a política pessoal de Musk é apenas a ponta do iceberg quando se trata do papel que o fascismo desempenha na política da classe dominante e da história dos Estados Unidos de reciclar diferentes movimentos e figuras fascistas para se adequar à agenda imperialista. 

Na verdade, Elon nem é o primeiro membro de sua própria família a ser proeminente na política de direita e promover os interesses imperialistas dos EUA. A própria África do Sul forneceu aos imperialistas um novo bastião de demagogos e famílias de direita após a queda do apartheid no início dos anos 1990. Depois que Nelson Mandela assumiu o poder, muitos sul-africanos brancos que apoiavam o apartheid encontraram refúgio nos EUA. 

Mas o legado fascista da família Musk remonta ainda mais longe do que a década de 1990. Os avós maternos de Musk, Wyn Fletcher e Joshua Haldeman, eram médicos canadenses ricos com políticas abertamente nazistas na década de 1940. Em uma entrevista , o pai de Elon, Errol, falou sobre a história dos pais nazistas de sua ex-esposa: “Eles costumavam apoiar Hitler e todo esse tipo de coisa. Mas eles não sabiam, eu não acho que eles sabiam o que os nazistas estavam fazendo. Mas eles [os avós] estavam no partido nazista alemão, mas no Canadá. E eles simpatizam com os alemães.” 

Após a derrota do fascismo nas mãos da União Soviética e outras forças aliadas, Haldeman e Fletcher continuaram seu ativismo nazista. No entanto, o nazismo explícito dentro da política canadense era tabu na época devido à recente guerra contra o Terceiro Reich de Hitler, uma guerra que custou a vida de muitos soldados canadenses. 

Há uma ironia aqui, considerando a anistia generalizada que o Canadá concedeu a centenas de oficiais nazistas ucranianos da SS, como Yaroslav Hunka . O governo canadense foi amplamente criticado depois que o Parlamento Canadense homenageou Hunka publicamente. Além da família Musk, que é o foco deste artigo, o abraço canadense aos nazistas ucranianos é outro exemplo pertinente de como a classe dominante recicla massas e instituições fascistas a serviço de suas próprias agendas imperialistas. 

No entanto, ao se ver difamado e alienado, Haldeman mudou sua carreira e sua família para a África do Sul do apartheid, onde suas políticas fascistas eram mais abertamente apoiadas. Uma vez na África do Sul, Haldeman continuou envolvido na vida política, dando um discurso na década de 1950 onde afirmou que a África do Sul do apartheid estava liderando a "Civilização Cristã Branca" contra a "conspiração internacional de banqueiros judeus" e as "hordas de pessoas de cor" que ele alegava que os banqueiros judeus controlavam. Este é o avô de Elon, e devemos acreditar que a recente saudação nazista de Elon foi um gesto de braço estranho. 

Não foi nenhuma surpresa quando a filha de Haldeman e Fletcher, Maye, se casou com um proeminente jovem político de direita e investidor de minas de esmeralda chamado Errol Musk. A própria Maye Musk permaneceu uma fascista firme durante toda a sua vida. Ela apoia Donald Trump há muito tempo e, em outubro, postou no X , afirmando que os democratas só obtêm votos enviando "imigrantes ilegais" através da fronteira mexicana. Esse tipo de argumento cresce diretamente da "grande teoria da substituição" da supremacia branca, que afirma que existe uma cabala judaica que visa substituir todos os indivíduos brancos nos EUA por negros e imigrantes latino-americanos. 

Errol continua abertamente de direita em suas visões, e seus investimentos em minas de esmeralda elevaram a riqueza e a influência de sua família a um nível que somente Elon eclipsou desde então. Desde que Elon se estabeleceu como o homem mais rico do mundo, ele se tornou cada vez mais encorajado com retórica e ação fascistas. No final das contas, nada disso teria sido possível sem a hiperexploração do povo africano sob o apartheid e a aceitação mais ampla da política fascista por potências imperialistas ocidentais como os EUA e o Canadá. 

As famílias Haldeman e Musk não foram as únicas apoiadoras de estados anteriormente apartheid ou fascistas a abrirem suas asas e exercerem maior influência racista. Não faltam exemplos. 

Outro exemplo proeminente da África do Sul é o médico forense David Fowler, que ganhou ampla condenação após seu depoimento em defesa de Derek Chauvin, o policial racista brutal que assassinou George Floyd. Fowler deixou a África do Sul para Baltimore, Maryland, em 1991, apenas um ano após o fim oficial do apartheid. Aparentemente, a ideia de praticar medicina em um país onde a população indígena africana detinha poder político não agradou a um cientista louco do apartheid. 

Nas duas décadas seguintes, Fowler ajudaria o Departamento de Polícia de Baltimore e a Polícia Estadual de Maryland em um encobrimento em larga escala de assassinatos policiais racistas, mais notoriamente o assassinato de Anton Black, de 19 anos. A carreira de Fowler ficou sob maior escrutínio depois que ele testemunhou que o joelho de Derek Chauvin no pescoço de George Floyd por quase 10 minutos não foi a causa da morte de Floyd. Por todas essas razões, mais de 1.300 casos de indivíduos que morreram sob custódia da polícia de Maryland foram reabertos em 2021. 

Para os EUA, a reapropriação mais infame de oficiais nazistas foi a “ Operação Paperclip ”, que viu a CIA providenciar para que 1.600 cientistas, engenheiros e técnicos alemães deixassem secretamente a Alemanha e se juntassem aos EUA na guerra fria contra a União Soviética. Muitos desses oficiais eram membros de alto escalão do partido nazista. Alguns fizeram experimentos em prisioneiros judeus. Nenhum deles foi levado à justiça. 

Até a própria Alemanha reposicionou oficiais nazistas no que ficou conhecido durante a maior parte da segunda metade do século XX como "Alemanha Ocidental" ou "República Federal da Alemanha". Em meados da década de 2010, o atual governo alemão conduziu uma série de investigações sobre a prevalência de juízes nazistas e outros oficiais do sistema de justiça no governo da Alemanha Ocidental. O relatório final revelou que, em 1957, 77% dos altos funcionários do Ministério da Justiça eram membros do partido nazista. Um estudo diferente descobriu que o departamento de justiça não tinha nem mesmo uma maioria de juízes não nazistas até 1972. O último oficial nazista, um ex-promotor de Hitler, não deixaria o Ministério da Justiça alemão até 1992. O Times of Israel se referiu a isso como "reciclagem de nazistas". 

É indizível que todos esses diferentes países imperialistas e regimes de apartheid tenham problemas tão profundos com infiltração fascista. O fato é que a classe dominante imperialista, alguns dos quais, como Elon Musk, são fascistas, historicamente usaram e continuam a usar o movimento de massa fascista para impor sua pilhagem do planeta. 

A classe dominante imperialista diz constantemente ao mundo que eles são os portadores da democracia e da civilização. Eles insistem que seus inimigos são tão selvagens e bárbaros que justificam qualquer força necessária para derrotá-los. No entanto, alguns dos imperialistas mais poderosos, como toda a família Musk, são abertamente e orgulhosamente nazistas. A suposta Alemanha democrática durante a Guerra Fria estava abarrotada de juízes nazistas. Uma das maiores cidades historicamente negras dos EUA sofreu sob um legista sul-africano reciclado do apartheid por duas décadas. 

Novo chefe, igual ao antigo. 

Os trabalhadores do mundo não precisam de bilionários nazistas, médicos nazistas, juízes nazistas ou qualquer nazista. A classe trabalhadora precisa de empregos, terra, comida, água, assistência médica e educação. Abaixo a classe dominante imperialista. Abaixo Elon Musk. 

* Lev Koufax é um ativista judeu anti-sionista.