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Campo do Meio-MG: Lula pode avançar mais na reforma agrária

Campo do Meio-MG: Lula pode avançar mais na reforma agrária

Nessa sexta-feira (7/3) Lula vai visitar o Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio, e deve fazer anúncios relacionados à reforma agrária.

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Foto: acervo do MST

 

As mais de 450 famílias do acampamento Quilombo Campo Grande, em Campo do Meio, Sul de Minas Gerais, receberam a visita do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta sexta-feira (7/3).

É um avanço, pois Lula visita um território onde existe o maior conflito de terras do Brasil, no qual há 27 anos o MST vem reivindicando o direito a terra. Isso pode significar um novo período não só para os trabalhadores e trabalhadoras em Campo do Meio, mas para a reforma agrária no Brasil, no qual a reforma agrária esteja no centro das prioridades do governo. Pois, não basta só o assentamento das famílias sem-terra, mas medidas estruturantes para os assentados da reforma agrária, como a compra institucional da produção agrícola desses territórios, a educação do campo, a assistência técnica, o fomento à agroecologia e o combate à especulação sobre a alimentação da população. Além do combate ao latifúndio que limita o desenvolvimento social e econômico no campo.

Essa é a primeira visita de Lula a um acampamento do MST ao longo do terceiro mandato do presidente. Há expectativa de que ele assine o decreto de desapropriação da área para a regularização do assentamento. Essa visita de Lula ao Quilombo Campo Grande é um desdobramento de reuniões realizadas entre Lula e dirigentes do MST desde o ano passado.

O MST cobra um maior empenho do governo na agenda da reforma agrária, que deve estar baseada no seguinte tripé: o acesso à terra e assentamento das famílias acampadas; o desenvolvimento dos assentamentos a partir de programas de aquisição institucional de alimentos e o incentivo às agroindústrias e cooperativas; e, finalmente, o tema da educação nos territórios.

Quilombo Campo Grande: uma história de luta

Em outubro de 2024, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu pela impossibilidade de recuperação judicial da companhia, o que foi comemorado pelo MST. Essa decisão judicial mostrou que o governador bolsonarista Romeu Zema, além de covarde e mentiroso, desrespeitou a lei ao promover um despejo ilegal, o que gerou um processo contra o estado de Minas Gerais na Comissão Interamericana de Direitos Humanos, devido à sua covardia contra camponeses e camponesas. Ocorreram 11 tentativas de despejo do acampamento ao longo de 27 anos. Apesar da violência do latifúndio, da burguesia agrária, da polícia e dos governos os trabalhadores resistiram em seu direito à terra. Como por exemplo, em agosto de 2020, quando em meio à pandemia de covid-19, a Polícia Militar de MG realizou tentativa de despejo violenta, que resultou na destruição de plantios e de uma escola, construída pelos trabalhadores.

É preciso derrotar o latifúndio e a burguesia agrária (agronegócio)

Há cerca de 100 mil famílias acampadas que estão à espera do assentamento definitivo em todo o país. É preciso que o governo Lula volte-se para o povo que elegeu para atender os interesses dos trabalhadores rurais sem-terra. Ainda há muitos limites ainda nas próprias entregas em relação à quantidade de trabalhadores e trabalhadoras sem acesso à terra e ao finaciamento estatal para a produção de alimentos para o mercado interno. Isso está na contramão dos interesses do latifúndio e do agronegócio (burguesia agrária), que só querem lucrar enquanto o preço dos alimentos sobem e setores da população brasileira ainda passam fome.

 

 

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