Os EUA estão mandando imigrantes deportados para Gautánamo (Cuba)
Os EUA estão substituindo a deportação dos imigrantes para seus países de origem pelo aprisionamento em Gautánamo, a prisão da CIA em solo cubano, aberta por George Bush na guerra Golfo. Lá a tortura e morte de prisioneiros é liberada.
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Foto: poder360.com.br
Segundo o Jornal "O Estado de são Paulo", os EUA começaram ontem a enviar os primeiros voos transportando imigrantes ilegais para a prisão da Baía de Guantánamo, em Cuba. A informação foi confirmada pela Casa Branca, uma semana após o presidente Donald Trump ordenar que a base militar, conhecida por ter recebido acusados de terrorismo, fosse transformada em centro de detenção para imigrantes.
“Hoje, os primeiros voos dos EUA para a Baía de Guantánamo com migrantes ilegais estão em andamento”, afirmou ontem a porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, à emissora Fox Business. O anúncio ocorre em meio a dúvidas sobre a legalidade da transferência e críticas de ativistas que temem que o governo americano volte a violar os direitos humanos dos detentos na base.
O primeiro voo partiu de Fort Bliss, no Texas, com cerca de uma dúzia de imigrantes, segundo o jornal Wall Street Journal, que citou fontes familiarizadas com o assunto.
Trump havia ordenado, na semana passada, que o Pentágono deveria ampliar as instalações da base militar para receber até 30 mil imigrantes. “Vamos mandá-los para Guantánamo”, declarou o presidente americano, na ocasião, descrevendo a prisão como um lugar muito difícil de fugir. “Alguns dos imigrantes presos são tão ruins que não confiamos em seus países para mantê-los detidos, porque não queremos que eles voltem.”
A decisão representa uma mudança na forma como os EUA lidam com os deportados. O governo, há muito tempo, mantém imigrantes na prisão da Baía de Guantánamo, mas apenas os que eram capturados no mar e forçados a passar por triagem dos pedidos de asilo. A maioria era de Cuba e do Haiti. É a primeira vez que a Casa Branca envia pessoas apreendidas em território americano para o centro de detenção de forma sistemática.
ACAMPAMENTO. Cerca de 300 militares chegaram no fim de semana à Baía de Guantánamo para fornecer segurança e montar uma nova cidade de barracas para os imigrantes. Cerca de 50 tendas do Exército foram armadas dentro de uma cerca de arame, ao lado de um prédio batizado de Centro de Operações de Migração. O secretário de Defesa americano, Pete Hegseth, disse ontem que o acampamento seria usado para “trânsito temporário” dos imigrantes.
Cerca de 40 mil pessoas que entraram nos EUA ilegalmente são mantidas em centros de detenção privados e prisões locais em várias partes do país, já que as restrições legais de financiamento limitam o número de centros de detenção.
De acordo com Trump, a transferência para a base militar duplicaria a capacidade de detenção de imigrantes. Sob o novo governo, a Agência de Imigração e Alfândega dos EUA (ICE, na sigla em inglês) recebeu ordens para intensificar as prisões e deverá cumprir uma cota de 75 detenções por dia em cada subsidiária da agência.
GUERRA AO TERROR. A prisão da Baía de Guantánamo foi inaugurada em 2002, dentro de uma base militar dos EUA em Cuba, como parte da guerra contra o terrorismo declarada pelo então presidente George W. Bush, após os atentados de 11 de setembro de 2001.
Membros da Al-Qaeda estão entre as centenas de prisioneiros que passaram pela prisão de Guantánamo, marcada pelas condições extremas de detenção e denúncias de tortura. Os presidentes democratas Joe Biden e Barack Obama prometeram fechar o centro de detenção, mas nunca conseguiram. O local, que chegou a receber 780 presos, no auge da guerra ao terror, tem hoje apenas 15 detentos.