Português (Brasil)

Campinas/SP: maior organização dos servidores impõe recuo à prefeitura e à diretoria do STMC

Campinas/SP: maior organização dos servidores impõe recuo à prefeitura e à diretoria do STMC

Nova situação, em ano de eleições sindicais, obrigou a prefeitura e seus aliados no STMC a se reposicionarem, tanto quanto ao reconhecimento do tamanho do arrocho, quanto nos métodos da campanha salarial/2025. A diretoria do sindicato, que persegue e processa a categoria permanentemente, agora tenta alegação de suposta mordida em Assembleia em que visivelmente perderam votação.

Compartilhe este conteúdo:

Maria Rita Queiroz

Se em 2024, a diretoria do STMC começou a campanha salarial com o índice rebaixado de 7% e subiu para 10%, sob a pressão das oposições, em 2025, quando a oposição denunciou o atraso no início da campanha salarial e exigiu uma reposição de 35,37%, a diretoria foi pressionada a começar com um índice de 17,62%.

Na assembleia da campanha salarial de 2024, a diretoria usou uma espécie de guarda de segurança contra a oposição, que não teve direito nem a apresentar o índice real das perdas salariais da categoria ao microfone. Em 2025, foram obrigados a abrir o microfone para a defesa do índice de reposição da oposição e, agora, tentam se passar de vítimas. A direção do STMC alega que uma suposta agressão de servidoras aconteceu, durante a assembleia, a uma das diretoras sindicais. Essa tática distracionista é velha conhecida da direção sindical e acontece novamente justo no momento em que o movimento sindical dos servidores retoma e fortalece sua tradição de luta.

Na campanha salarial de 2025, a diretoria convocou assembleia para a deliberação sobre as pautas econômica, geral e específicas da categoria para o dia 01/04, às 17 horas, na sede do sindicato. E levaram a cabo a tradição do dia da mentira.

Graças à pressão dos coletivos de oposição, os servidores em luta fizeram aprovar como pauta dessa campanha salarial também, reivindicações como a equiparação do Auxílio-Nutricional ao valor do Vale-Alimentação dos ativos, estendido a TODOS OS APOSENTADOS/AS E PENSIONISTAS; para 2.084 reais, e a Municipalização dos setores terceirizados, que já é responsável pela precarização de mais de 5 mil trabalhadores no município.

 

Servidores visivelmente ganham a assembleia, aprovando o índice das oposições sindicais, mas diretoria se nega à contagem dos votos 

O Conselho dos Representantes de Base, que se reuniu no dia 27/03, às 15 horas, precisou da velha tática de desmobilização para ser controlado: há anos, a diretoria sindical não fomenta a eleição dos representantes sindicais nos locais de trabalho. Esses trabalhadores eleitos por seus pares têm o direito de dispensa da jornada de trabalho garantido para representar suas unidades nas reuniões convocadas pelo sindicato. Com um Conselho esvaziado, a diretoria fez aprovar suas pautas, incluindo o índice de recomposição salarial de 17,62%, reduzindo à metade as perdas reais acumuladas pela categoria que já atingem 35,37%.

Na assembleia, que é a instância máxima e soberana para as deliberações coletivas da categoria, a diretoria sindical só abriu o microfone para a fala de um membro das oposições unificadas, que optou por dividir o tempo entre duas forças (OUL e MLC) depois da pressão exercida pela própria categoria presente, que, apesar da truculência promovida pelos diretores sindicais e seus seguranças, esteve presente e disposta a defender seus direitos e reais interesses e necessidades, mesmo em local fechado, inapropriado, para onde as assembleias foram levadas, como mais uma tentativa de controle, em detrimento do seu local histórico de realização, que é o Paço Municipal da cidade.

Todos esses são sinais da reatividade e da insegurança da atual direção sindical à organização da categoria que, apoiada pelas oposições, tem sido capaz de enfrentar os desmandos e oferecer resistência aos ataques que vem sofrendo por parte da direção sindical. As novas sindicalizações de servidores que discordam da atual direção sindical, a recusa à implantação da taxa sindical assistencial pela categoria mediante ação organizada, e o índice de recomposição salarial que é o mais alto já proposto pela diretoria sindical, são reflexos das pressões exercidas pelas oposições e pela base, evidenciando que existe uma luta que precisa ser feita e que já dá seus sinais também na campanha salarial de 2025. Prova disso, é que após a Assembleia, quase 100 servidores se reuniram em uma plenária independente em frente ao Paço Municipal, para avaliar e tirar encaminhamentos sobre os rumos da Campanha Salarial/2025.

Defesa do índice de 35,37% por companheira da OUL, na Assembleia do dia primeiro de abril, na sede do STMC. 

Plenária no Paço de servidores independentes após a Assembleia do dia primeiro de abril

 

Suposta mordida: quando a escolha é afastar ainda mais a categoria do sindicato

Durante a realização da assembleia de deliberação das pautas da Campanha Salarial de 2025, a atual direção sindical do STMC seguiu negando as práticas sindicais democráticas, ao fazer votação individualizada apenas para o item 1 da pauta econômica, que tratava justamente do índice de recomposição salarial a ser levado para as negociações com o governo Dário. Para os demais pontos, realizaram votação em bloco.

O microfone só foi aberto para falas depois de um forte posicionamento da categoria que, apesar da truculência usual adotada pela direção sindical, apresentou-se e reafirmou sua disposição para defender seus direitos, interesses e necessidades. Apenas uma fala foi aberta, com duração de três minutos, divididos entre duas forças de oposição, OUL e MCL, para a defesa do índice de reajuste salarial de 35,37%.

Dias depois da realização da assembleia, a direção sindical divulgou um vídeo gravado pelo  coordenador Tadeu Cohen, alegando uma suposta mordida desferida contra o braço de uma das diretoras sindicais que, durante a assembleia envolveu-se em uma agressão contra servidoras que estavam presentes, usufruindo de seu direito sindical. Afastada da confusão pelos próprios apoiadores da direção sindical, a diretora seguiu participando normalmente dos ritos da assembleia, sem qualquer manifestação pública de incômodo com algum tipo de agressão contra si.

Estaríamos diante de mais um uso de táticas distracionistas por parte da atual diretoria que, diante da ascensão do movimento e da disposição da categoria em retomar o sindicato para fazer as lutas necessárias, provoca uma cortina de fumaça para encobrir sua insegurança pela possível perda de poder?

Na campanha salarial de 2024, diversas servidoras foram agredidas durante a assembleia realizada nas mesmas condições proporcionadas agora. Seria, então, bastante conveniente aos diretores saírem da condição de agressores para passarem-se por vítimas nesse momento, na tentativa de desgastar tanto a oposição sindical, quanto qualquer voz que se levante contra a política de rebaixamento defendida pela direção sindical.

O preço pago por toda a categoria por esse tipo de escolha tática é muito alto, pois o resultado dela é o maior afastamento das servidoras e dos servidores do movimento sindical que, amedrontados pela truculência promovida pelo próprio sindicato, afasta-se ainda mais dele, facilitando o seu uso como correia de transmissão do governo municipal

Plenária da OUL, no dia 29/03

Card da plenária da OUL para organização da chapa de unificação das oposições

Oposição Unidade e Luta realiza primeira plenária de membros e apoiadores da chapa para a eleição sindical de 2025

Servidores municipais reafirmam disposição de luta para retomar o STMC e participam intensamente de plenária organizativa.

No último dia 20 de março, a categoria dos servidores municipais de Campinas demonstrou, mais uma vez, sua forte disposição de luta e de organização para retirar o Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Campinas, o STMC, das mãos da atual diretoria, que atua como correia de transmissão dos governos municipais há mais de 15 anos.

A frente de oposição sindical Unidade e Luta, a OUL, realizou, neste dia, a primeira plenária de membros que comporão a chapa, a qual vem sendo construída em um processo de negociação pela unidade com outras forças de oposição sindical à atual diretoria do STMC, para disputar a eleição que acontecerá nesse ano de 2025.

Com um índice de perdas salariais acumuladas em 35,37%, resultado da atuação da atual direção sindical, os servidores e servidoras municipais apresentam um alto índice de insatisfação com a atuação do sindicato na defesa de seus direitos e de suas condições de trabalho, cada vez mais sucateadas.

Foi o que ficou demonstrado durante a realização da plenária, que contou também com a presença de cerca de 50 servidoras e servidores, além de diversas forças de oposição de esquerda da cidade, como os mandatos das vereadores e vereador Guida Calixto (PT), Fernanda Souto (PSOL) e Wagner Romão (PT), o Sindicato dos Químicos Unificados de Campinas), a Organização Comunista Arma da Crítica, o Coletivo José Martí de Solidariedade a Cuba e aos Povos em Luta, o Movimento Consulta Popular e a Associação dos Especialistas de Educação do Quadro do Magistério da Rede Municipal de Campinas, Assemec.

Na plenária, foram apresentados o histórico de constituição da Oposição Unidade e Luta como força sindical, o resumo das negociações com demais forças já realizadas para a eleição que se avizinha e o programa da chapa, que, depois de um debate bastante vigoroso e profícuo, foi acrescido de diversos pontos, tanto para ampliar o diálogo com a categoria, quanto para demarcar a posição da OUL em defesa da luta socialista.

Se avançamos em relação às campanhas salariais dos dois últimos anos foi graças a nossa organização, mas precisamos de muito mais organização para derrotar a atual diretoria do Sindicato.

O Grupo Emancipação do Trabalho compõe a coordenação da OUL, que é a maior força de oposição sindical existente entre os servidores municipais de Campinas, além de atuar na organização dos locais de trabalho e na direção do movimento sindical retomando a história de luta dessa que uma das mais importantes categorias do estado de São Paulo, reunindo mais de 27 mil trabalhadores, sempre mantendo a perspectiva de politização dos trabalhadores e trabalhadoras.

 

Servidores entrando para o Sindicato no dia da Assembleia. A tática burocrática parece ser a de confinar no pequeno auditório do Sindicato, fazer assembleia só para filiados, sob tensão, sem democracia, com nenhum ou quase nenhum acesso da base ao microfone, para controlar e afastar a massa da categoria dos fóruns de decisão da Campanha Salarial. Defendemos assembleia no Paço Municipal, aberta para todos os trabalhadores do serviço público municipal de Campinas

 

 

Compartilhe este conteúdo:
  Veja Mais
Exibindo de 1 a 9 resultados (total: 180)

 contato@emancipacaodotrabalho.org
Junte-se a nós!